quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O lirismo de Matheus

A equipe e Luis Carlos Merten no Cine Encontro


Dono de uma gargalhada inconfundível, Matheus Nachtergaele veio ao Pavilhão do Festival do Rio conversar com o público sobre "A Festa da Menina Morta", sua estréia na direção, que traz Daniel de Oliveira e Dira Paes no elenco. O ator e agora diretor filosofou sobre o material que produziu em Barcelos - cidade de 30 mil habitantes a 400km de Manaus - sobre a própria humanidade e o absurdo da fé. Polêmico, iniciou o debate bombardeando a plátéia:
- Sou ateu graças a Deus, que não existe.

Entre citações de Marguerite Duras e do diretor espanhol Luis Buñuel, Matheus analisou o fenômeno do sincretismo religioso brasileiro que o estimulou na elaboração de "A Festa da Menina Morta" e ainda relatou todo o processo de produção de seu primeiro longa, orçado em 2,4 milhões de reais. Edneusa Sahdo e Rosa Malagueta, estreantes no cinema e descobertas por Matheus em um workshop em Manaus, também estavam presentes na mesa e falaram sobre o contentamento em participar da produção.

O intérprete de João Grilo ("O Auto da Compadecida") também ressaltou a importância da Amazônia e da cultura indígena para o país, além de classificar como obscuro o momento atual do cinema brasileiro.

E antes de partir, uma última gota de sabedoria sobre a morte, tema recorrente na película de Matheus:
- Alguma coisa é poupada do fato que a gente morre. O ser humano é uma tentativa desesperada de sobrar.


Mediador: Luis Carlos Merten (Jornalista e Crítico de Cinema)
Debatedores: Matheus Nachtergaele (Diretor), Vânia Catani (Produtora), Renata Pinheiro (Diretora de Arte) e atrizes amazonenses

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