quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Me sinto absolutamente jovem"

Aderbal Freire Filho, a mediadora Beatriz Guimarães
e o diretor Domingos de Oliveira


Um dos maiores diretores do cinema nacional, Domingos de Oliveira e a equipe do filme "Juventude" conversaram com o público no Pavilhão do Festival no último dia 30. O tema do bate-papo? Cinema, e juventude, claro.

O 13º filme da carreira do diretor nasceu da vontade dele de trabalhar com os companheiros de longa data Paulo José e Aderbal Freire Filho. O trio, que na história atuam como os antigos camaradas que se reencontram depois de 50 anos de afastamento, foi baseado na relação do próprio Domingos com dois amigos que ele fez há mais de quatro décadas, apesar de cada personagem ter também um pouco de seus intérpretes.

Um dado curioso de "Juventude" é que o filme marca a estréia como ator, aos 67 anos, do consagrado diretor teatral Aderbal Freire Filho, responsável por grandes sucessos do teatro como o recente "Hamlet", com Wagner Moura, em cartaz em São Paulo.
- O grande contentamento desse trabalho é poder ser o outro que eu não fui - admitiu Aderbal, revelando um certo arrependimento por não ter seguido a carreira de ator.

"Juventude" custou 800 mil reais e foi rodado em 22 dias em uma mansão em Itaipava. Sobre o trabalho com Domingos de Oliveira, a produtora Renata Paschoal revelou que o diretor de "Todas as Mulheres do Mundo" tem um método nada convencional de filmar: ele sempre muda tudo na última hora. Negando que faça um cinema improvisado, porém, Domingos afirmou trabalhar de um modo bem pensado "que está sempre pronto para aproveitar as oportunidades do acaso".

Em meio a tiradas bem-humoradas, o diretor, que além de atuar também assina a trilha sonora de "Juventude", ainda elogiou a nova geração do cinema nacional, mas criticou a política audiovisual do país.
- Fazer cinema no Brasil é difícil, você faz um filme de 3 anos em 3 anos, quando já perdeu a vontade de fazê-lo. E o que a Lei Rouanet fez pelo cinema? Influenciou orçamentos, tirou os produtores da realidade econômica e divorciou o cinema do público. O cinema brasileiro é um absurdo, nem os filmes caros nem os baratos dão lucro.

Visionário, ele também enfatizou a importância do cinema digital no futuro, mas alfinetou os cursos de cinema ao dizer que só se aprende o ofício fazendo, apesar de concordar com Aderbal Freire Filho a respeito de as faculdades serem importantes para a formação artística dos futuros cineastas.

E sobre a idade, do alto de seus 72 anos, Domingos não hesitou:
- A carcaça pode estar um pouco velha, mas eu me sinto absolutamente jovem.


Mediador: Beatriz Guanabara (Jornalista TV Brasil)
Debatedores: Domingos Oliveira (Diretor), Aderbal Freire Filho (Ator), Renata Paschoal (Produtora), Miguel Ornica (Ator)

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